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Os três principais erros de Piketty

Sem dúvidas, o economista francês Thomas Piketty foi a revelação de 2014 no âmbito das ciências sociais.  Seu aclamado livro O Capital no Século XXI se converteu em uma obra de referência para a esquerda e para a direita, chegando ao ponto de se transformar em um livro que é comprado mas não é lido.  E, quando é lido, raramente é lido de maneira crítica. 

Isso explica por que os incondicionais seguidores de Piketty se limitam apenas a utilizar trechos de suas entrevistas e não de seu livro.  E explica também por que os entrevistadores de Piketty se rebaixam ao papel de apenas lhe estender um tapete vermelho para que ele lhes desfile suas platitudes em vez de fazerem qualquer pergunta desafiadora a respeito dos problemas básicos encontrados em seu livro. 

E tais problemas existem e deveriam ser evidentes para aqueles que se dispõem a analisar seu livro com um mínimo de cuidado.

Primeiro problema

O fundamento teórico do livro não é correto.  Segundo Piketty, os ricos se tornam cada vez mais ricos porque os capitalistas são capazes de obter, automaticamente, uma taxa de retorno sobre seu capital investido maior que a taxa de crescimento de todo o conjunto da economia.  Isso significa, portanto, que os ricos vão abocanhando uma fatia cada vez maior do bolo.

A realidade, no entanto, é que a minha riqueza atual não depende essencialmente do passado, mas sim do futuro: eu não sou rico porque meus pais fizeram bons investimentos; eu sou rico porque sou capaz de continuar investindo sabiamente as propriedades que meus pais me legaram.  Se meus pais me legarem uma fortuna, mas eu não souber administrá-la corretamente, poderei ficar pobre em pouco tempo.  Não há nada de automático ou de garantido na perpetuação de minha riqueza.

Ao contrário do que afirma Piketty, nenhum ativo — real ou financeiro — possui uma rentabilidade automática ou garantida (nem mesmo títulos da dívida do governo).  Ser rico hoje não é garantia de continuar sendo rico no futuro.  Mais ainda: ser rico hoje não é garantia nenhuma de que você será ainda mais rico no futuro.  Que o digam os ricaços da década de 1980: todos eles perderam mais de 50% do seu patrimônio desde então.

O fato é que, quanto mais capital você possui, menor é a sua capacidade de torná-lo rentável: a capacidade de investi-lo bem, de evitar erros e de encontrar oportunidades lucrativas de investimento que ninguém mais conseguiu encontrar é tanto menor quanto maior a quantidade de fundos que você tem de gerenciar.

Segundo problema

A análise histórica do livro é equivocada.  Segundo Piketty, deveríamos estar vivenciando no Ocidente um aumento extremo da desigualdade provocado pela crescente concentração de capital.  No entanto, a evidência empírica que Piketty utiliza em seu livro é exatamente oposta — e não irei aqui abordar as várias críticas feitas a Piketty pelo fato de ele haver manipulado seus dados (ver aqui e aqui) com o claro objetivo de fazer com que eles se encaixassem em sua teoria.

Em primeiro lugar, a maior parte da desigualdade observada no Ocidente durante as três últimas décadas não adveio da rentabilidade do capital, mas sim das rendas salariais.  Mais especificamente, a maior parte da desigualdade foi originada pelo surgimento dos super-salários pagos às pessoas mais altamente qualificadas de uma economia.  (Todos os dados e detalhes aqui).

Em segundo lugar, a desigualdade gerada pela propriedade do capital está hoje em mínimos históricos: segundo os dados do próprio Piketty, a desigualdade gerada pela propriedade do capital é hoje inferior a todas já registradas em qualquer outro período de nossa história anterior a 1970.  Essa redução histórica na desigualdade sobre o capital adveio, segundo o próprio Piketty, de uma das façanhas mais relevantes do século XXI: o surgimento de uma classe média que se tornou proprietária de suas próprias moradias, o que aumentou sobremaneira seu patrimônio.

Em terceiro lugar, Pikkety não inclui no seu cômputo aquele outro grande investimento feito pelas classes médias: o investimento em educação (capital humano).  Se ele houvesse feito isso, a desigualdade na propriedade do capital seria ainda menor.

Terceiro problema

As propostas políticas do livro são erradas.  Segundo Piketty, a desigualdade deve ser combatida punindo os ricos com impostos mais altos.  Especificamente, tributos com alíquotas de 80 a 90% sobre as rendas mais altas, e taxas de 10% sobre o patrimônio.

Ao sugerir isso, Piketty demonstra ignorar que a única forma de fazer com que cada vez mais pessoas vivam melhor não é punindo a geração de riqueza, mas sim permitindo que todos sejam livres para enriquecer.  Se os últimos 40 anos podem ser caracterizados como o período mais igualitário em termos de distribuição do capital em toda a história da humanidade não foi porque os ricos foram arruinados, mas sim porque as classes médias começaram a acumular algum patrimônio.

O segredo para se ter uma sociedade com menos disparidades na propriedade do capital é justamente permitir que os cidadãos comuns tenham acesso ao capital: ao capital real, ao capital financeiro e ao capital humano.  Punir os ricos não fará com que os mais pobres tenham mais capital real, mais capital financeiro e mais capital humano. 

[Nota do IMB: estimular o empreendedorismo desregulamentado todos os setores da economia, desburocratizando, desestatizando, permitindo importações baratas e tendo uma moeda forte é a única maneira de permitir que os mais pobres possam empreender, possam adquirir produtos baratos até então acessível apenas os mais ricos, e com isso ter capital sobrando para formar algum patrimônio]

Até mesmo aqueles estados interventores tidos como bem-sucedidos na redução das desigualdades — os estados nórdicos — não se caracterizam por uma agressiva e progressiva tributação sobre os ricos, mas sim por uma economia razoavelmente desregulamentada e desburocratizada e pelo acesso universal a um capital humano de qualidade.

[Nota do IMB: acesso "gratuito" à educação é algo que o Brasil tem desde há muito, do ensino básico à universidade.  Portanto, assim como os nórdicos, temos "educação gratuita"; mas ao contrário dos nórdicos, não temos uma economia livre e desburocratizada. 

Segundo o site Doing Business, nas economias escandinavas,você demora no máximo 6 dias para abrir um negócio (contra mais de 130 no Brasil); as tarifas de importação estão na casa de 1,3%, na média (7,9% no Brasil); o imposto de renda de pessoa jurídica é de 25% (34% no Brasil); o investimento estrangeiro é liberado (no Brasil, é cheio de restrições); os direitos de propriedade são absolutos (no Brasil, grupos terroristas invadem fazendas e a justiça os convida para um cafezinho); e o mercado de trabalho é extremamente desregulamentado.  Não apenas pode-se contratar sem burocracias, como também é possível demitir sem qualquer justificativa e sem qualquer custo.  E tudo com o apoio dos sindicatos, pois eles sabem que tal política reduz o desemprego.  Não há uma CLT (inventada por Mussolini e rapidamente copiada por Getulio Vargas) nos países nórdicos.]

Consequentemente, nem mesmo dentro de uma retórica estatizante as políticas propostas por Piketty parecer ter alguma justificativa — como, aliás, acabam de nos recordar seus próprios conterrâneos franceses.

Conclusão

Em suma, Piketty erra em seu modelo teórico, em sua análise histórica e em suas propostas políticas.  Mas nada disso fará com que ele deixe de ser venerado como uma invencível referência intelectual em cada um desses três campos, especialmente por aqueles que nem sequer se dignaram a ao menos lê-lo.

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A moral de Piketty - por alguém que realmente leu todo o livro 



autor

Juan Ramón Rallo
é diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri.  É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.


  • Charles Miller  21/01/2015 13:57
    Leandro, pode comentar sobre esta notícia, pir gentileza?
    www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150119_riquezas_mundo_lk
  • Leandro  21/01/2015 16:10
    Nada. Todos os anos, religiosamente, a Oxfam publica o mesmíssimo relatório, falando as mesmíssimas coisas e pedindo as mesmíssimas ações governamentais.

    A única conclusão possível é que os coitados desconhecem por completo a lei de Pareto.

    Quem faz alarde de que 1% detém 50% de algo desconhece por completo a lei de Pareto.

    Ainda no século XIX, Vilfredo Pareto estudou a distribuição de riqueza em várias nações europeias. Ele descobriu que aproximadamente 20% da população detinha 80% do valor do capital de uma nação. E ele aplicou esse raciocínio até o topo da pirâmide.

    Se 20% da população detém 80% do valor do capital de uma nação, então 4% (20% de 20%) detém 64% (80% de 80%) do valor do capital. Isso de fato se mostrou verdadeiro. Sendo assim, era de se esperar que aproximadamente 1% da população deteria um pouco mais da metade da riqueza de uma nação. E isso também se comprovou verdadeiro.

    Um grande número de estudos subsequentes indica que essa mesma distribuição se aplica para todas as sociedades estudadas. Não importa se os países eram nações pré-social-democratas (antes de 1900), nem a localização geográfica ou quão socialistas eles são. A mesma distribuição existe.

    Aliás, o que é realmente perturbador é que a regra 20-80 de Pareto se aplica a todos os tipos de estatística institucional que pouco têm a ver com distribuição de riqueza.

    Aproximadamente 20% do efetivo de uma força policial faz 80% das prisões. Aproximadamente 20% de um grupo faz 80% do trabalho. Aproximadamente 20% daqueles que assinaram uma revista renovam a assinatura ao final do primeiro ano. Aproximadamente 20% dos que recebem uma e-letter gratuita de fato a lêem. E por aí vai.
  • Joao Pedro de Araujo Pereira  21/01/2015 23:35
    Leandro, é sério que você acha aceitável que 1% da população vai ultrapassar a de 99% juntos pelo princípio (chamar de lei é um absurdo, é igual falar lei do criacionismo) de pareto?

    Você está me dizendo que um ricaço, vamos dizer um dono de empresa, ganha o equivalente a trabalhar 380 vezes mais que o seu empregado médio, não o faxineiro ou o mais pobre, mais o médio?

    Você realmente acredita que 99% das pessoas são improdutivas e que os 1% são os gurus da produtividade que sabem exatamente aonde investir seu dinheiro?

    Não se deixe segar por ideologia, olhe para fatos! Vou te dar apenas 1: https://www.youtube.com/watch?v=7pG1tmZoSpw
  • Leandro  22/01/2015 00:37
    Eu nunca disse que "1% da população vai ultrapassar a de 99%". Eu falei que 1% da população deter 50% (cinqüenta porcento) da riqueza é uma mera confirmação prática de um insight feito ainda no século XIX.

    50% e não 99%. Entende a diferença?

    Ou você não sabe ler ou apenas quis dar uma de esperto se fazendo de desentendido com o intuito de me caluniar. De qualquer forma, você ficou a descoberto e revelou seu despreparo.
  • Joao Pedro de Araujo Pereira  22/01/2015 00:55
    Então você está sendo desonesto com o Charles não respondendo a pergunta dele, afinal a noticia que ele posto ( www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150119_riquezas_mundo_lk ) diz claramente que 1% vão superar 99% da população.
  • Leandro  22/01/2015 01:12
    E por que eu iria responder a algo que é uma mera especulação de jornal?!

    1% deter 50% é fato, e isso eu comentei. Agora, 1% deter 99% é mera especulação sensacionalista, sem nenhuma base factível, e com isso eu não perco tempo (seria como eu pedir que alguém comentasse a "afirmação" de que somos governados por marcianos, e se a pessoa ignorasse meu pedido eu a chamaria de "desonesta").

    Esse tipo de notícia sensacionalista serve apenas para impressionar otários.
  • soulsurfer  22/01/2015 11:30
    Eu creio que a reportagem diz que 1% vai superar 99% é exatamente a mesma frase de 1% vai deter mais de 50% da riqueza. Se 1% possui mais da metade da riqueza, parece claro que os outros 99% terão menos de 50% da riqueza, possuindo, portanto, menos do que o 1%.
    Sem nenhum juízo de valor aqui, apenas de fato.
    Abraços
  • Leandro  22/01/2015 12:16
    Ah, tá. Eu havia interpretado ele dizendo (nem li a matéria; acreditei no resumo dele) que 1% vai deter 99% da riqueza mundial. Daí minha resposta.
  • Magno  22/01/2015 12:17
    O único "probleminha" é que esses números da Oxfam são completamente manipulados:

    juanramonrallo.com/2014/01/las-mentiras-del-informe-oxfam/

    É incrível como as pessoas aceitam as coisas de jornais sem um mínimo de consideração.
  • Tio Patinhas  22/01/2015 12:19
    Aqui tem outra critica ao relatório em si:

    spotniks.com/esqueca-o-noticiario-pessimista-desigualdade-vem-caindo-e-o-mundo-nunca-foi-tao-rico/
  • soulsurfer  22/01/2015 21:18
    Magno e Tio Patinhas,
    Interessantes os textos. Realmente concordo que é muito difícil saber exatamente o estoque de riqueza, pois geralmente a atenção sempre foi baseada na renda. Além do mais, é importante definir o que se entende por riqueza, no segundo texto fala que é o PL líquido. Não se leva em conta aparentemente bens móveis e talvez nem bens imóveis não legalizados.
    Acho que todo o esforço para ter mais dados sobre o estoque de riqueza, concentração ou não de riqueza, renda, etc, devem ser elogiados. São estudos que podem mostrar claramente o que está dando certo e o que não está dando certo. Não é assim que tem que se agir, com base em dados?
    Abraço!
  • Luiz Silva  23/01/2015 11:35
    A Oxfam não tem nada de enganada, quem não vê que se trata de um entidade socialista que tem por trás certamente algum grupo interessado em meter a mão em alguns fundos ou se manter no controle, afinal, quem mais adora o socialismo são os ricos, por isso vemos diversas celebridades e empresários apoiando a ONG.
  • Felipe  23/01/2015 12:10
    E dai se 1% da população deter mais de 50% da riqueza?

    Riqueza é criada, que tem foi por que produziu. (Salve exceções de quem é ligado ao governo).

    A riqueza criada por um é benefica a todos, não prejudica ninguém. Se não fosse uns poucos homens geniais, a sociedade não sairia da idade das pedras. Existe poucos homens que de fato criam, inovam e elevam a sociedade a um novo patamar, a grande maioria só seguem o ritmo.

    O que acontece é que há um bando de invejosos querendo esse dinheiro.
  • Tio Patinhas  23/01/2015 12:37
    Após ler seu comentário resolvi fazer uma pesquisa rápida no google e encontrei dois sites que comentam sobre o dinheiro recebido pela oxfam:

    www.snouts-in-the-trough.com/archives/6022

    www.dailymail.co.uk/debate/article-2655752/MAX-HASTINGS-Yes-Oxfam-does-great-things-But-does-taxpayers-cash-pump-socialist-propaganda.html

    Em resumo: uns 40% do dinheiro recebido por esta entidade vem de governos, por isso são os governos os interessados em meter a mão e continuar no controle.

    Isso é ainda mais perceptível, quando a oxfam divulga não apenas os resultados, mas tb a solução:
    mais impostos e mais controle.

    Obrigado.
  • soulsurfer  23/01/2015 13:55
    Colegas, acho que desviaram o foco do assunto. O meu ponto é nós devemos sempre estar levantando dados e discutindo assuntos que interessam a todos os seres humanos. Se os dados levantados são incompletos, que se façam análises e mais estudos para os tornarem mais completos. Não é tarefa trivial estimar riqueza, correlacionar com percentis, etc. Foi nesse sentido minha mensagem, quanto mais dados melhor para sabermos como está a situação geral do mundo em diversos aspectos.

    Sobre a OXFAM ser uma entidade socialista, é algo um tanto despropositado, a menos que dividamos todos os complexos problemas humanos em dois lados: socialista e capitalista. A toda evidência essa postura não parece ser a mais sábia, nem a mais correta para enfrentarmos os problemas.
    A organização Médico sem Fronteiras também recebe dinheiro de governos (mas em menor quantidade, creio que 20% www.msf.org.br/principios), nem por isso ela é uma organização socialista que quer o aumento do Estado. Pelo contrário, ela é uma organização humanitária que vai nos piores lugares do mundo onde há fome, assassinatos, estupros coletivos, doenças negligenciadas, para trazer algum alívio para milhões de seres humanos, aparentemente esquecidos. Não conheço tanto a OXFAM como conheço o MSF, mas esse ataque virulento sem um conhecimento prévio da organização, que tenta minorar problemas humanos parece-me equivocado.
    Ataques histriônicos não fazem bem ao debate. O que temos de concreto é que bilhões de seres humanos ainda sofrem por falta de acesso a um mínimo de bens e dignidade. Se discuta se menos Estado melhoraria esse cenário (provavelmente sim), já que é o foco desse site, mas o fato objetivo é que há muita gente sofrendo e se não houver ajuda, seja governamental ou não, a situação que é horrível seria pior ainda.
    Além do mais, nada é feito de maneira instantânea. Nós temos Estados, ONGs, Etc, Esse é o dado objetivo. Pode-se fazer críticas, acaso seja cabíveis, a tudo que está aí, mas no presente momento é o que se tem, e quem passa fome, ou está num campo de refugiados sírio, ou na zona de Darfur no Sudão, precisa de atendimento já.

    Abraço!
  • Ze ruela  23/01/2015 14:09
    "A organização Médico sem Fronteiras também recebe dinheiro de governos, nem por isso ela é uma organização socialista que quer o aumento do Estado. Pelo contrário, ela é uma organização humanitária que vai nos piores lugares do mundo onde há fome, assassinatos, estupros coletivos, doenças negligenciadas, para trazer algum alívio para milhões de seres humanos, aparentemente esquecidos."

    Que bonito né, uma organização humanitária que se financia do roubo, bela moral contraditória. Algumas pessoas mal conseguem pagar um plano de saúde do seu filho para se obrigado a pagar alguns médicos para ir do outro lado do mundo.


  • Tio Patinhas  23/01/2015 16:08
    Não disse que ela é socialista, apesar de um dos links (do daily mail) comentar sobre um viés socialista em suas propagandas, acho que o principal é em relação a receber muito dinheiro dos governos e apontar como solução mais governo, mais imposto e mais controle (que é o que em geral os governos querem).

    Não vou comentar em relação a MSF, não a conheço o suficiente, mas já pensou que há países na África que recebem doações em um montante suficiente para sobreviverem e nada além disso?

    Uma espécie de bolsa família para ditadores/presidentes africanos? Para se manter no poder e manter as condições da população no limite do aceitável?

    No início da última epidemia de ebola, muitos foram contaminados pois não acreditavam que era algo sério, para eles era apenas mais uma maneira dos governantes receberem mais dinheiro (www.thenation.com/article/181618/why-liberians-thought-ebola-was-government-scam-attract-western-aid este é apenas um dos links).

    Mas não creio em uma resposta simples para resolver esse problema, parece-me porém que jogar dinheiro em um problema, não é suficiente para resolvê-lo.

    Obrigado.
  • soulsurfer  23/01/2015 18:47
    Tio Patinhas,
    Não tinha me referido a você, mas a outro colega que comentou.
    Eu concordo.
    O economista Yunus (uma das pessoas que mais admiro e ganhador do prêmio nobel) já diz há tempo que ajuda financeira direta talvez não seja o caminho para países mais pobres.
    Ele foi o criador do conceito de micro-crédito, revolucionou a vida de milhões de pessoas num país pobre, onde em boa parte do território vige a Sharia (e o foco dele é emprestar dinheiro para mulheres, imagina a dificuldade que ele teve de fazer isso na década 70), com inúmeros desastres naturais. Além do mais, ele possui um conceito muito interessante de empresa social.
    Cito tudo isso para dizer que a saída é o empoderamento dos mais pobres e não o assistencialismo duradouro e permanente.
    Porém, enquanto isso não é possível, quem cuida dos refugiados sírios? Eclode uma guerra civil, milhões de deslocados, e quem está lá para ajudar? A UNCHR (braço da ONU para refugiados) e o Médico sem fronteiras. O MSF inclusive vai em lugares que ninguém quer ir, como em áreas controladas por rebeldes na República Democrática do Congo, onde mulheres são estupradas por 50 homens de uma vez só, muitas vezes destruindo a parede que separa ânus e vagina, fazendo com que essas mulheres não tenham controle nem sobre as suas necessidades. É esse tipo de lugar que o MSF vai, e alguém precisa fazer alguma coisa, enquanto livres mercados, condições de normalidade, etc, não ocorrem. Há um texto muito bacana sobre o tema, se interessar (revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI228050-15230,00-MINHAS+RAIZES+SAO+AEREAS.html).

    Eu creio que o fim dos subsídios que os agricultores europeus e americanos recebem seria mais benefício para África do que auxílios. Já vi estudos que estimam o impacto em centenas de bilhões de dólares. A África está crescendo, mas ainda é um mundo desolado por guerras, fome e atrocidades que eu não consigo nem imaginar. E tem que haver ajuda para essas situações limites. Minha opinião.

    Abraço!


  • André  23/01/2015 19:50
    Yunus?! O que ele realmente conseguiu foi escravizar os pobres ao jugo do endividamento.

    www.mises.org.br/Article.aspx?id=442
  • soulsurfer  23/01/2015 22:06
    Andre,
    Bom, você citou um artigo. Posso perguntar se já leu algum livro do Yunus? Se não, a sua crítica é baseada na percepção de outra pessoa. Li o artigo do Boston Globe citado no artigo do Mises (você o leu?), e a história contada não foi bem essa que você disse de "escravizar os pobres", bem longe disso.
    Um estudo foi feito nas Filipinas e outro na Índia. Um país é católico e o outro é hindu. Eu já estive nos dois países, e o papel da mulher nas Filipinas na sociedade é muito mais presente do que em sociedades muçulmanas (também já estive em vários países). Assim, pode ter certeza que qualquer programa que de alguma maneira empodere uma mulher numa vila rural de Bangladesh é algo extraordinário.
    O Estudo feito na Índia achou evidências positivas no microcrédito, mas não que de alguma maneira o microcrédito tenha feito métricas de saúde e educação melhorar significamente.
    Mas quem disse o contrário? Num mundo onde metade da população humana vive com menos dois dólares por dia, a simples sobrevivência diária já é uma conquista. O segundo estudo diz, nos dizeres da reportagem do Boston, que o microcrédito é importante para ajudar pessoas extremamente pobres a conseguirem sobreviver de maneira mais fácil.
    O primeiro empréstimo que Yunus fez foi de menos de 30 dólares para dezenas de pessoas. Falar que o caminho para essas pessoas não é o empréstimo, mas sim a poupança é simplesmente ser cego ao assunto. Parece, e isso está na biografia do Yunus, explicar teorias de beta alavancado, Capital Asset Price Model, etc, para um povo que está morrendo de fome. Foi assim que ele se sentiu quando voltou de um mestrado numa faculdade TOP e viu, ele retornou quando teve um grande período de fome em Daca, o seu povo morrendo de fome e caindo como moscas.
    É óbvio que um homem sozinho não vai salvar um povo extremamente pobre com população beirando aos 200 milhões de pessoas. Afirmar isso, como o texto citado faz de maneira indireta, não dá né. O que ele fez foi inventar uma maneira criativa de alguma maneira ajudar a vida de pessoas tão sofridas. Ele não se contentou com explicações que talvez façam sentido para sociedades já mais evoluídas do ponto de vista do capital e da poupança ( e em tantas outras métricas como saúde, educação, saneamento, etc) e fez algo inovador e com isso ajudou milhões de pessoas a ter um mínimo a mais de dignidade.

    Abraço!
  • soulsurfer  24/01/2015 12:25
    Do próprio artigo citado por você:
    "Uma pesquisa divulgada neste ano pelo Banco Mundial mostrou que são grandes os benefícios dos empréstimos, e dados compilados por uma "campanha pelo microcrédito" apontam que este tipo de empréstimo já tirou dez milhões de bengaleses da pobreza entre 1990 e 2008.
    Mas à medida que a demanda por órgãos continua a alimentar um mercado negro em Bangladesh, membros pobres de comunidades rurais continuarão sendo seduzidos por falsas promessas de uma vida melhor.
    Segundo o professor Moniruzzaman, as consequências do tráfico de órgãos são devastadoras.
    "Não há garantias sobre a procedência dos órgãos e quão seguros eles são. Por outro lado, sob a perspectiva de quem está vendendo, a saúde se deteriora após a operação, tornando difícil para a pessoa voltar a ganhar dinheiro porque não poderá voltar para seus trabalhos antigos que demandam muito fisicamente."
    Não há dúvida de que o microcrédito mudou a vida de milhões em todo mundo.
    Mas à medida que a polarização entre ricos e pobres aumenta, especialistas acreditam que os mais necessitados vão continuar contraindo mais dívidas, algumas vezes recorrendo a medidas desesperadas como a venda de órgãos."

    Deveria ler mais atentamente os próprios artigos que cita.

    A venda de órgãos na Ásia, infelizmente, é uma prática que existe há muito tempo e sempre existiu por inúmeros motivos, todos eles ligados à extrema miséria. É uma lástima ler que pessoas chegaram a esse extremo por causa de empréstimos pequenos. Porém, ignorar as partes em que o artigo cita os benefícios do microcrédito para milhões de pessoas, nada mais é do que um erro de julgamento muito bem explicado por outro nobel de economia (esse psicólogo) chamado Viés de Confirmação.
  • Hay  25/01/2015 15:04
    Uma pesquisa divulgada neste ano pelo Banco Mundial mostrou que são grandes os benefícios dos empréstimos, e dados compilados por uma "campanha pelo microcrédito" apontam que este tipo de empréstimo já tirou dez milhões de bengaleses da pobreza entre 1990 e 2008.

    O curioso é que o artigo fala sobre dez milhões de bengaleses saírem da pobreza mas, quando é para falar sobre os problemas do microcrédito, só fala sobre "muitas pessoas". Muito interessante, não é mesmo? Algumas pessoas podem ter realmente se beneficiado, mas, se a situação da região em que essas pessoas vivem não permite que elas possam realmente sair da miséria, tudo o que você conseguirá será deixar as pessoas afundadas em dívidas. Disso a traficantes de órgãos vislumbrando oportunidades de ouro para seus negócios é um pulo.

    Aliás, este site já publicou um artigo sobre o microcrédito: Por que o microcrédito não pode salvar o mundo
  • Aldo  24/01/2015 13:51
    Benefícios para vários sempre existirão em qualquer esquema. Eike Batista, por exemplo, foi enormemente beneficiados por subsídios do BNDES. E isso foi bom para o Brasil?

    Com o microcrédito é a mesma coisa. Beneficiou alguns, amputou vários.

    Muito melhor seria simplesmente retirar as burocracias e empecilhos estatais, e permitir que as pessoas tenham mais da própria renda. No entanto, o que o estado faz é justamente tomar a renda das pessoas com uma mão e ofertar dívida com a outra.
  • Alexandre  18/07/2017 20:42
    Que tal uma politica de planejamento familiar? Já era um bom começo. Vamos ser mais simplistas - somos escravos dos Estados: fato. Nascemos condenados pelo destino muitas vezes. O destino de nascer num pais mais ou menos socialista, ou num pais mais ou menos miseravel, no caso africano. miseravel na maioria das vezes pelo excesso de poder estatal atraves das ditaduras, raras excessoes (vide Botswana).
  • felipe  21/01/2015 14:29
    O argumento um é furado.

    Dinheiro traz mais dinheiro, isso é fato.

    Quem tem dinheiro tem maiores possibilidades de ganhar mais dinheiro e de seus filhos continuarem ricos.

    1)Um rico pode compra um monte de imóveis e fica vivendo do aluguel, seus filhos se beneficiarão disso. Esse argumento joga por agua abaixo toda ideia sobre a necessidade constante de atender os consumidores. Basta um rico gastar 10 milhões em imoveis e viver eternamente da renda.

    2)Um rico pode ajudar seu filho dando o capital necessário para abrir um empreendimento, conheço alguns colegas que, por te pais ricos, não precisaram virar CLT, e abriram um negócio próprio.

    3) Vocês dizem "Basta atender a demanda dos consumidores e vocês irão ficar ricos"...Bah, com que dinheiro um CLT consegue abrir um empresa? Segundo vocês, um CLT tem que se privar de ter uma família, de ter um lazer e de comprar qualquer coisa supérflua até os 40 anos e então investir num negócio, bela moral a de vocês.

    4) Enquanto o pobre tem quase toda a sua renda gasta em consumo, o rico tem poupança de sobra para investir. Em outras palavras, o rico tem mais dinheiro para investir do que o pobre, portanto seu retorno é maior.

    Portanto, é fato sim que quem é rico tende a fica mais rico. E quem é filho de rico tende a se manter rico.
  • Leandro  21/01/2015 16:13
    "Dinheiro traz mais dinheiro, isso é fato."

    Ué, então explica por que os maiores bilionários da década de 1980 empobreceram? Apenas falar uma abobrinha e dizer "isso é fato" está longe de ser um argumento intelectual.

    "Quem tem dinheiro tem maiores possibilidades de ganhar mais dinheiro e de seus filhos continuarem ricos."

    Ter "maiores possibilidades" não significa que a coisa irá se concretizar. Escolha melhor suas palavras.

    "Um rico pode compra um monte de imóveis e fica vivendo do aluguel, seus filhos se beneficiarão disso."

    E se o mercado imobiliário afundar (como ocorreu nos EUA e na Europa) e o preço dos alugueis despencar? O sujeito pode até não morrer de fome, mas dizer que ele irá enriquecer é uma mentira descarada.

    E dizer que seus filhos se beneficiarão disso não quer dizer que os filhos ficarão ainda mais ricos do que seus pais, que é exatamente o argumento de Piketty.

    Mais atenção e menos emoção na próxima.

    "Esse argumento joga por agua abaixo toda ideia sobre a necessidade constante de atender os consumidores. Basta um rico gastar 10 milhões em imoveis e viver eternamente da renda."

    É? E se acontecer o que foi descrito acima? O sujeito pode de fato viver de renda, mas daí a dizer que ele será ainda mais rico que seus predecessores é totalmente falacioso.

    Ter renda é totalmente diferente de enriquecer continuamente.

    "Um rico pode ajudar seu filho dando o capital necessário para abrir um empreendimento, conheço alguns colegas que, por te pais ricos, não precisaram virar CLT, e abriram um negócio próprio."

    E daí? Desde quando isso é garantia de que o filho vai se tornar mais rico que o pai?

    Aliás, por essa mesma lógica, um pipoqueiro pode passar sua barraca para seu filho e este pode se tornar mais rico que o pai. Pela lógica de Piketty (e pela sua), isso seria um privilégio insuportável.

    "Vocês dizem "Basta atender a demanda dos consumidores e vocês irão ficar ricos""

    Algo tão superficial quanto isso jamais foi dito neste site. Aliás, nesse próprio artigo, há uma lista de coisas que devem ser feitas para possibilitar o enriquecimento dos mais pobres. Você convenientemente ignorou todas elas e preferiu criar um espantalho ridículo para parecer que está argumentando.

    Isso é patético.

    "...Bah, com que dinheiro um CLT consegue abrir um empresa? Segundo vocês, um CLT tem que se privar de ter uma família, de ter um lazer e de comprar qualquer coisa supérflua até os 40 anos e então investir num negócio, bela moral a de vocês."

    Aponte um único artigo deste site que diz que "um CLT tem que se privar de ter uma família, de ter um lazer e de comprar qualquer coisa supérflua até os 40 anos e então investir num negócio", e ele será fechado. Quem recorre à mentira e à calúnia como método de argumentação mostra total despreparo intelectual.

    "Enquanto o pobre tem quase toda a sua renda gasta em consumo,"

    Mais de 40% da renda do pobre vai para o governo na forma de impostos indiretos, o mesmo governo que, segundo você, é o único que pode ajudá-lo.

    O fato de você ignorar isso o desqualifica de imediato para qualquer debate.

    "o rico tem poupança de sobra para investir."

    E você está de olho nela.

    "Em outras palavras, o rico tem mais dinheiro para investir do que o pobre, portanto seu retorno é maior."

    De novo: ter mais dinheiro para investir não implica que o retorno será maior. E se o investimento der errado? Já ouviu falar em Eike Batista?

    "Portanto, é fato sim que quem é rico tende a fica mais rico. E quem é filho de rico tende a se manter rico."

    Tal "fato" não foi demonstrado por você. No máximo, você deu exemplos de que um filho de rico pode viver de rendas, mas não explicou por que ele será necessariamente mais rico que seu pai.
  • Marconi  21/01/2015 17:05
    Dizer que aqueles super-ricos empobreceram é exagero.

    Um caboco ter 2 bi e depois seus filhos cairem pra, sei lá, 300 milhões não faz ninguém pobre.

    A distância de riqueza e renda na sociedade é tão absurda que guarda pouca relação com competência.

  • Leandro  21/01/2015 17:34
    "Um caboco ter 2 bi e depois seus filhos cairem pra, sei lá, 300 milhões não faz ninguém pobre."

    Não faz ninguém pobre, mas derruba por completo a tese de Piketty, que diz que era para os filhos estarem com pelos menos uns 2,5 bilhões. Esse é o ponto.

    "Dizer que aqueles super-ricos empobreceram é exagero."

    Ter bilhões na década de 1980 e hoje ter "apenas" milhões configura empobrecimento. Não configura miséria, é claro, mas configura empobrecimento. Não?

    "A distância de riqueza e renda na sociedade é tão absurda que guarda pouca relação com competência."

    Isso é outro debate. Piketty diz que os ricos ficam ainda mais ricos de maneira automática. Só que isso não é verificado pelos fatos.
  • Tio Patinhas  22/01/2015 12:25
    Apenas em relação ao 1).

    Já pensou que ele pode não conseguir alugar os imóveis? É o que acontece com a Santa Casa de SP, ela tem dezenas de imóveis no centro de São Paulo, mas não consegue alugar pois ninguém quer ou quando querem o valor é baixo.

    E pode não conseguir alugar ou vender (caso novamente do centro de SP), pq ninguém quer ou pq o mercado está em situação ruim ou pq o iptu é alto. Essa pessoa vai empobrecer em vez de enriquecer.

  • Trader Carioca  21/01/2015 14:34
    Ótimo texto.

    Uma opinião. Discordo da nota do IMB que diz que precisamos ter moeda forte: "[Nota do IMB: estimular o empreendedorismo desregulamentado todos os setores da economia, desburocratizando, desestatizando, permitindo importações baratas e tendo uma moeda forte é a única maneira...".

    Moeda forte é entendido na atualidade como moeda valorizada e que estimula exportações, geralmente por intervenção governamental no mercado para inflar a cotação.
    Não precisamos de moeda forte. Precisamos de moeda estável, sem inflação.

  • Leandro  21/01/2015 16:33
    Acho que você comeu mosca aí, Trader (o que é surpreendente, pois suas participações aqui costumam ser bem sólidas).

    Moeda forte não estimula exportações. Muito pelo contrário, ela estimula importações.

    Outra coisa: moeda forte não é antônimo de "moeda estável, sem inflação", mas sim justamente a sua intrínseca definição
  • Trader Carioca  21/01/2015 16:58
    Leandro,

    Talvez eu tenha me expressado mal por distração. Agradeço sua pontuação.

    Sobre a questão da "moeda forte" x "moeda estável". Eu sei que são distintas e é aí que eu quero pontuar sobre a nota do IMB. Não acho que países precisam de moedas fortes. Países precisam sim é de moedas estáveis. E essas coisas são distintas.
  • Leandro  21/01/2015 17:41
    "Não acho que países precisam de moedas fortes. Países precisam sim é de moedas estáveis. E essas coisas são distintas."

    Aí você tem de definir o que você entende por "moeda estável".

    Se "moeda estável" é uma moeda que tem inflação zero ou inflação muito baixa, então ela é uma moeda forte, por definição. Quanto menor a inflação, mais apreciada sua taxa de câmbio irá se tornar.

    A taxa de câmbio de longo prazo nada mais é do que a relação entre o poder de compra de uma moeda em relação a outras. Se a inflação é nula ou é baixa, seu câmbio se aprecia. Vide a evolução da taxa de câmbio do franco suíço e do iene japonês ao longo da década de 1990, bem como da do marco alemão até 1999.

    Logo, por definição, uma "moeda estável" (sendo que "estável" significa inflação zero) é uma moeda forte. Não há exceção a essa regra. Se um país apresenta inflação de preços zero por muito tempo, sua taxa de câmbio irá se apreciar em relação às outras.

    Agora, uma moeda que se desvaloriza simultaneamente junto a outras moedas -- de modo que a taxa de câmbio permaneça relativamente constante -- é uma moeda "estável" em termos cambiais, mas ela não é forte. O peso argentino, o bolívar venezuelano e, atualmente, o rublo russo são "estáveis" entre si, mas não são fortes. Isso é bom?

    Moeda forte é moeda com poder de compra crescente, ou pelo menos constante. E só.
  • Trader Carioca  21/01/2015 18:40
    Leandro,

    Ótimos comentários, concordo plenamente.

  • patricio  21/01/2015 19:46
    Outro ponto é que não necessariamente se precisa de poupança para se investir para abrir um negocio, existe inúmeros mecanismos para se financiar afim de abrir um negocio. Inclusive o bom e velho empréstimo bancário, tá certo que muitos mecanismos destes não se aplicam ao contexto brasileiro, mas estão ai.
  • Trader Carioca  22/01/2015 13:41
    Patricio,

    Nesse caso, poupança tem um sentido além do indivíduo que guarda um dinheiro para abrir seu próprio negócio com seus recursos. Estamos falando de poupança num sentido mais amplo.

    Por exemplo, para conseguir emrprestar dinheiro, os bancos precisam que alguém poupe e aplique em produtos bancários, como CDB e Poupança (aqui falamos daquele tipo de investimento). Com esse dinheiro que o banco captou, aí sim ele pode emprestar para outras pessoas que sejam tomar empréstimo e investir.

    Então, no fundo, para que alguém possa investir, é preciso que alguém poupe. Quanto mais se poupa, mais dinheiro se pode emprestar para investimentos. quanto mais dinheiro para se emprestar, mais barato fica esse dinheiro (menores juros cobrados no empréstimo) e mais rentáveis e atraentes ficam os investimentos. Assim o país pode melhorar sua infraestrutura e seu parque industrial e tecnológico.
  • Marconi  21/01/2015 15:16
    Estou lendo o livro, mas a questão fundamental é justamente a riqueza automática pela simples posse do capital.

    Se isso é falso, então o livro todo cai por terra. Mas ainda não estou convencido que isso seja inteiramente falso.

    Nesse assunto, creio eu que Piketty tem alguma razão no argumento e que suas soluções, essas sim, são falsas.
  • Leandro  21/01/2015 16:34
    "Manutenção da renda" é diferente de "enriquecimento contínuo e automático". Ter uma "renda garantida" é totalmente diferente de "enriquecer continuamente".

    Um bilionário pode legar vários imóveis e várias empresas a seus filhos, o que irá lhes permitir ter uma boa renda. Mas isso não significa que os filhos serão automaticamente mais ricos que seus pais. E se o mercado de imóveis afundar, como ocorreu na Europa e nos EUA? E se a empresa se tornar ineficiente?

    Eles podem até não passar fome, mas nada garante que eles ficarão ainda mais ricos que seus pais. Esse é o ponto.

    Quem tem muito dinheiro pode investi-lo sabiamente e ficar ainda mais rico. Mas também pode se estrepar e perder muito. Não há nada garantido. E o fato de que os principais bilionários da década de 1980 perderam boa parte do seu patrimônio e hoje estão mais pobres (ou "menos ricos) não é algo trivial. Curiosamente, nenhum seguidor de Piketty responde a isso.

  • Filipe  21/01/2015 18:04
    Muito bom o artigo. #pikettyErrouRude
  • Vander  21/01/2015 20:46
    O cara é um testa-de-ferro da ideologia socialista. O pior de tudo é saber que, mesmo tendo suas 'teorias' refutadas na base de dados/informações/provas concretas, Piketty continuará a mentir e mentir. E o pior: vai contar com o apoio maciço de uma manada de idiotas úteis que lotam as universidades e redações de jornais pelo mundo afora. Muito provavelmente sempre haverá "acadêmicos" com PhD e jornalistas chapa-branca defendendo o sujeito de qualquer ataque.

    P.S.: Leandro, teremos algum artigo relacionado aos aumentos de tributos nos combustíveis?


  • Leandro  21/01/2015 23:10
    Não há muito o que falar sobre o aumento da CIDE além de tudo aquilo que já foi dito aqui e aqui.
  • Rhyan  21/01/2015 21:10
    Não sei por que vcs dão tanta audiência pra esse cara.
  • Leandro  21/01/2015 23:11
    Porque ele tem audiência na mídia e suas "ideias" são ouvidas de joelhos. Aí seria covardia de nossa parte dar um passe livre para o cidadão.
  • Rhyan  22/01/2015 23:06
    Nem o pessoal que comprou o livro leu...
  • Thiago  22/01/2015 00:10
    Muito bom artigo.

    Estou terminando de ler o livro. Olhei um pouco do Anexo Técnico do livro para checar os dados e me parecem bem consistentes. Diferente do que diz o articulista espanhol.

    Quanto ao primeiro argumento: "O capital não gera mais capital automaticamente". Concordo plenamente. O capital parado em conta corrente é reduzido pelos efeitos da inflação. Ele deve ser investido.

    Como Piketty diz o capital assume diversos formas jurídicas (dividendos, alugueis, royalties, etc.). O pequeno investidor põe seu capital na poupança. O grande investidor aporta recursos em fundos de private equity. Dessas diferenças naturezas decorre as diferenças de rendimento dentro do capital.

    Na verdade, o articulista debate a questão do rendimento "puro" do capital (tema que o articulista que se diz leitor do livro esqueceu de mencionar). Por quê puro? Puro porque desconta o rendimento do trabalho decorrente da administração desse capital. Os melhores analistas financeiros são remunerados por seu trabalho de alocar em carteira de investimento o capital do investidor. Essa remuneração vai além da taxa de administração. Piketty não nega que há verdadeiramente um rendimento do trabalho "escondido" no rendimento do capital.
    Portanto, o rendimento do capital que Piketty debate já está expurgado do efeito da "expertise" de administração do capital (ver pag. 201 na tradução brasileira).

    Quanto ao fato dos investidores da década de 1980 terem perdido sua riqueza, isso não invalida as conclusões do livro. Alguns perderam. Outros ganharam. Mas na média a concentração de riqueza do 1% mais ricos aumentou proporcionalmente em relação à renda nacional nas últimas décadas.

    Abraços! Estou aberto ao debate.
  • André  22/01/2015 01:05
    "Olhei um pouco do Anexo Técnico do livro para checar os dados e me parecem bem consistentes. Diferente do que diz o articulista espanhol."

    Desde quando dizer que "me parecem bem consistentes" é argumento em debate? O "articulista espanhol" cita uma monografia acadêmica para respaldar sua afirmação (em cujo link você não clicou). Está aqui.

    Challenging the Empirical Contribution of Thomas Piketty's Capital in the 21st Century

    Caso não queira uma monografia acadêmica, mas apenas um breve artigo bem resumido, pode ficar com este:

    Thomas Piketty e seus dados improváveis

    Estamos em 2015 e o brasileiro médio ainda não conhece um hyperlink.

    "Na verdade, o articulista debate a questão do rendimento "puro" do capital (tema que o articulista que se diz leitor do livro esqueceu de mencionar). Por quê puro? Puro porque desconta o rendimento do trabalho decorrente da administração desse capital. Os melhores analistas financeiros são remunerados por seu trabalho de alocar em carteira de investimento o capital do investidor. Essa remuneração vai além da taxa de administração. Piketty não nega que há verdadeiramente um rendimento do trabalho "escondido" no rendimento do capital.
    Portanto, o rendimento do capital que Piketty debate já está expurgado do efeito da "expertise" de administração do capital."


    Quanta viagem.... Taxa de administração de fundos de investimento nem sequer entra na argumentação de Piketty. Nem ele perdeu tempo com isso.

    "Quanto ao fato dos investidores da década de 1980 terem perdido sua riqueza, isso não invalida as conclusões do livro. Alguns perderam. Outros ganharam."

    Invalida totalmente. Se o sujeito diz que a tendência do capitalismo é multiplicar as fortunas automaticamente, então é óbvio que, por essa teoria, quem era rico na década de 1980 tem de estar ainda mais rico hoje. Se os ricos de hoje não são os ricos da década de 1980, e se os ricos da década de 1980 estão mais pobres hoje, então há um furo grave na teoria. Simplesmente não há multiplicação automática da riqueza.

    "Mas na média a concentração de riqueza do 1% mais ricos aumentou proporcionalmente em relação à renda nacional nas últimas décadas."

    Se os integrantes do clube do 1% mudaram completamente e seguem mudando continuamente (porque empobreceram), então a teoria tem de ser outra. O fato de bilionários deixarem de ser bilionários e serem superados por outros que começaram do nada mostra que essa teoria de que "as fortunas se multiplicam automaticamente e se perpetuam" é cascata.

    Aliás, nem faz sentido dizer que tais pessoas do clube do 1% devem ter 90% de sua renda confiscada, pois, como a própria empiria mostrou, elas próprias não estão permanentemente no grupo do 1%. Elas entram e caem.
  • anônimo  22/01/2015 00:14
    Lá embaixo onde tem as seções 'aborto', 'ambientalismo', etc devia ter também a seção PINKETY.
    Vcs falam desse sujeito quase todo dia.
  • Pedro  22/01/2015 03:14
    Dizer que os ricos podem comprar 10 milhões em imóveis e nunca mais ter problema de dinheiro é uma grande bobagem. Se todos os ricos, ou uma boa parte deles, partissem para comprar imóveis, os preços dos imóveis subiriam tanto que não haveria que os alugasse! A compra sistemática viraria uma bolha imobiliária sem precedentes e todos ficariam arruinados ou teriam perdas irrecuperáveis. Bobagem continua sendo bobagem em qualquer lugar ou em qualer idioma...
  • Pedro  22/01/2015 03:24
    Grande parte das famílias ricas que conheci, ou a maior parte, os filhos ficaram menos ricos ou, até, perderam quase tudo. Alias, a sabedoria popular, examinando longamente tal fenômeno, criou um ditado: "Pais ricos, filhos nobres, netos pobres."
    Posso dizer com alguma tranquilidade que é muito difícil, já não falo nem em aumentar, mas manter o patrimônio que se tem.
  • Pedro  22/01/2015 03:36
    O que é melhor: uma país em que 1% da população tem uma grande fatia da riqueza nacional, mas o restante da população é formada, em grande parte, por uma classe media afluente, que dispõe de casa própria, filhos na escolar, carro, aposentadoria confortável, boa roupa, boa comida, bom lazer, viaja etc.(Estados Unidos); ou um país de grande igualitarismo (Índia, Paquistão, Etiópia, Egito) ou de total igualitarismo (Cuba e Corea do Norte)onde todos têm um 'baixíssimo padrão de vida?
  • Vander  22/01/2015 12:18
    Exato.

    Não li o livro de Piketty (tampouco irei lê-lo, não vou dar dinheiro ao sujeito), mas pergunto aqui, para alguém que leu: Piketty menciona a classe média em sua literatura? Posso estar errado, mas acredito que não, visto o ódio que socialistas tem da classe média. Óbvio, afinal, classe média é a prova viva do sucesso do capitalismo.
  • soulsurfer  22/01/2015 21:08
    Vander,
    O que há na verdade é muita desinformação sobre o livro. Seja por quem critica, seja por quem não critica. Eu acho um livro muito interessante, traz muitas informações.
    Há inúmeros erros sendo cometidos aqui nas críticas.
    Primeiramente, o foco do livro dele é exatamente a classe média.
    Em segundo lugar, em nenhum momento ele categoriza alguma classe social. É por isso que ele usa termos estatísticos como percentil ou decil. Não fala de burgueses, banqueiros, etc. Fala apenas 1% mais rico, os 40% mais pobres, etc.
    Logo, a crítica de que ele não leva em conta que os ricos de ontem não são os de hoje e podem não ser os de amanhã não tem qualquer fundamento. O que ele tenta levantar são as mecânicas da desigualdade da renda e da riqueza (dois conceitos distintos, mas quase sempre confundidos).
    Outro erro é o tratamento que ele dá ao retorno do capital. O que ele faz é estimar uma média do retorno do capital (envolvendo todas as espécies de ativos: dívida, imóveis, ações) em 5%. O surgimento de uma classe média forte, conforme as explicações dele, foi o estabelecimento de imposto sobre a renda (o que faz que os 5% que antes eram líquidos, fossem agora brutos), bem como os sucessivos choques ao estoque de capital acumulado (que na França/Inglaterra chegavam a quase 800% do PIB) pelas duas grandes guerras e crise de 29. Isso fez, segundo a visão dele, com que surgisse uma numerosa classe média (na qual ele simplesmente chama de 45% do meio).
    O autor também diz que provavelmente o retorno bruto do capital caia para 3/4% (o que é coerente com inúmeros estudos técnicos sobre um mundo de baixo yield - há estudos do credit suisse, de forma indireta sobre taxa segura de retirada de portfólios previdenciários, etc) de forma bruta. O que ele diz é que provavelmente com a estabilização demográfica o mundo talvez não cresça muito, não no ritmo do século passado (e ele explicitamente diz que pode estar errado e a produtividade dar enormes saltos), o que pode ocasionar que se o retorno do capital (líquido) for maior do que o crescimento real da economia, pode haver uma desigualdade cada vez maior.
    É bom dizer que também não é verdade que o mundo vem diminuindo a desigualdade. A desigualdade voltou a crescer desde a década de 70. Na véspera da primeira guerra mundial a desigualdade era enorme.
    Antes que argumente que a desigualdade não é um mal em si mesma (eu também não acho que seja, desde que não gritante), o aumento ou não da desigualdade é apenas um juízo de fato e não deveria provocar tantas reações emocionais.

    Abraço!
  • Leandro  22/01/2015 22:06
    Sabe por que a desigualdade começou a crescer justamente na década de 1970? Isso já foi comentado inúmeras vezes nesse site: a abolição do que restava do padrão-ouro e a subsequente liberdade total aos Bancos Centrais inflaconarem sem qualquer restrição.

    A inflação gerada a partir da década de 1970, e a consequente redistribuição de riqueza (mecânica essa explicada em detalhes aqui), afetou severamente a distribuição de riqueza.

    De 1944 a 1971, o mundo estava no padrão ouro-câmbio e vigorava um (instável, porém relativamente eficaz) sistema de taxas de câmbio fixas. Qualquer país que incorresse em uma grande expansão do crédito vivenciaria uma grande inflação de preços e isso geraria pressão para desvalorizar sua taxa de câmbio. Para impedir essa vergonha, os governos, contrariadamente, tinham de se conter.

    Com a abolição do que restava do padrão-ouro, os bancos centrais e os governos ganharam passe livre, e como conseqüência a inflação disparou, assim como as desigualdades de renda.

    Qualquer pessoa que fale sobre como "corrigir a desigualdade", mas ignore completamente temas como inflação, banco central, e sistema bancário de reservas fracionárias, é ou um charlatão que quer fazer proselitismo ou um simples ignorante econômico.

    www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=678
    www.mises.org.br/Article.aspx?id=313
    www.mises.org.br/Article.aspx?id=1769
    www.mises.org.br/Article.aspx?id=1079
  • Tiago Moraes  23/01/2015 01:28
    O fato é que essas estatísticas só consideram renda, ativos financeiros e propriedades (estas em valores nominais). Não há relativização quanto as discrepâncias de valores entre propriedades dada a sua posição geográfica (ex: uma kit net em Tokyo vale 15x mais que minha enorme casa avaliada em R$ 280.000 em uma cidade do interior da Bahia). Não considera bens duráveis como propriedade (que tem parcela importante no patrimônio dos mais pobres) e as propriedades não formalizadas das famílias que vivem em casas de favela ou periferias, não tem patrimônio computado porque elas não tem escrituras de seus imóveis (porém, eles tem valor de mercado e não são baratos). Essas estatísticas também não consideram como ativos financeiros da classe-média e dos mais pobres, os recursos da Previdência e Seguridade Social que são deduzidos compulsoriamente da renda deles e, como já mencionou o Leandro, os gastos com educação, por parte da classe-média e pobres, deveriam ser computados como investimento na formação de capital humano, pois é assim que a teoria econômica nos mostra que deve ser tratado esse tipo de dispêndio de renda. Se tudo isso fosse considerado, o nível de desigualdade aferido seria muito menor do que o mostrado nesses indicadores.
  • Emerson Luis  24/01/2015 18:52

    Dizem que, quando vemos uma tartaruga em cima de um muro, sabemos que alguém a colocou lá. Ou seja, a posição de um indivíduo não garante que ele a adquiriu por mérito.

    Ouvi essa frase no tempo da primeira eleição da Dilma e se aplica ao Piketty: o fato de seu livro estar sendo bastante comprado e mencionado não prova que ele seja bem fundamentado. Quer dizer apenas que muitos querem ler ou dizer que leram. E que escreve e fala o que a maioria quer ouvir.

    Dizem que Piketty quis atualizar "O Capital" de Marx. Atualizou os equívocos também.

    PS: Investir uma fortuna em imóveis, além de não aumentar a riqueza, não garante nem sequer sua manutenção. Além de uma possível desvalorização, aqui eles podem ser desapropriados.

    * * *
  • Rhyan  25/01/2015 02:18
    Leandro, aproveitando, me tira umas dúvidas rápidas, por favor...

    O Brasil teve um grande déficit na balança de pagamentos em 2014, isso significa que houve um desequilíbrio onde exatamente? Na produção nacional? E como se corrige esse desequilíbrio?

    Outra coisa, o que é um economista ortodoxo e um heterodoxo? Há duas explicações conflitantes sobre isso.

    Obrigado!
  • Leandro  25/01/2015 09:07
    Na verdade, houve superávit de quase US$ 11 bilhões no balanço de pagamentos. Houve, isso sim, déficit na conta-corrente (balança comercial e de serviços).

    A conta de serviços sempre foi negativa, de modo que o que realmente se alterou foi a balança comercial. Tanto as exportações quanto as importações caíram, mas as exportações caíram mais do que as importações. E um dos motivos da queda das exportações é o esfacelamento do setor industrial gerado pela inflação de preços. Simplesmente não temos mais capacidade de fazer produtos de qualidade desejados pelos gringos. Para piorar, o colapso do peso argentino também afetou a exportação de carros.

    Como expliquei aqui, sem se atacar o problema da carestia, que gera todos esses desarranjos, nada feito. (Você conhece algum país que seja um grande exportador e que tenha alta inflação? Eu não.)

    Sobre heterodoxia e ortodoxia, isso é um debate longuíssimo, pois cada escola econômica atribui definições próprias a cada um desses conceitos. Para aumentar a confusão, há quem se defina ortodoxo em microeconomia e heterodoxo em macro, e vice-versa.

    Em termos bem gerais, economia ortodoxa é definida pelo modelo walrasiano e pelos pressupostos da economia neoclássica. Mas há quem defina que ortodoxia é apenas a Escola de Chicago e a teoria das expectativas racionais. E também há quem defina ortodoxia como sendo o amplo uso de matemática na economia.

    E heterodoxia seria quem é contra tudo isso. Há, inclusive, quem classifique a Escola Austríaca como heterodoxa.

    Eu, particularmente, acho todo esse debate uma enorme perda de tempo no espaço. O que vale são as ideias, e não o rótulo que se dá a elas.

    Abraços!
  • Rhyan  25/01/2015 23:49
    Excelente! Muito obrigado!
  • Andre  09/02/2015 17:10
    Para quem quiser ver o Piketty cometendo mais erros:

    tvcultura.cmais.com.br/chamada-roda-viva-thomas-piketty

    Não recomendo para quem tem estomago fraco.
    Certamente ele vai dizer que a solução para todos os problemas do mundo é tirar dos ricos para redistribuir aos pobres além de outros clichês de gente invejosa.
  • Amarilio Adolfo da Silva de Souza  30/03/2015 23:02
    Não perco mais meu tempo lendo baboseira de pessoas que recomendam desafiar a Lógica. Pobres esquerdistas frutas.
  • Calili Santos  01/07/2015 04:12
    Discordo do prof. Rallo na conclusão de sua crítica NRO 1 quanto ao menor rendimento dada uma maior riqueza. Mesmo excetuando as anomalias como os novos bilionários da internet, tanto em valor absoluto quanto percentualmente uma maior capilaridade gera os maiores retornos tanto no mercado de capitais como na produção de bens e serviços, inclusive observa-se claramente isso nos movimentos do mercado nada racionais gerados pelos "tubarões" das bolsas. Nas turbulências que vivemos, boas blue chips serão bons investimentos, só observar os valores astronômicos das aquisições do grupo 3G e tio Buffet e o valor de mercado dos novos clogomerados que surgiram.
    Quando no terceiro problema se fala de menos regulamentação concordo quanto a quantidade de processos, mas as agências se realmente independentes vão garantir que o mercado seja saudável não em um protecionismo puritano, mas com uma concorrência saudável.
    Esse boom de empreendedorismo me preocupa, como o texto apontando o empreender da classe baixa como puramente saudável. Mais empresas sem uma técnica ou know how dos gestores trazem na bagagem uma alavancagem negativa e com frequência mais frustrações que benefícios.
    No demais concordo com os outros apontamentos e já tive contato com outras críticas a Pikket. Ainda não li esse livro, mas nesse frenesi ele já se contradisse e me parece mais um surfista destas novas demandas européias do que o revolucionário que vem no seu approach.
    Parabéns pelo blog, vou vasculhar mais ele.
  • Fabiano  20/11/2016 18:12
    1) "Se meus pais me legarem uma fortuna, mas eu não souber administrá-la corretamente, poderei ficar pobre em pouco tempo."?
    Pais ricos não repassam somente a fortuna, repassam o mais importante: o conhecimento de como ser cada vez mais rico. Afinal eles não ficaram ricos por acaso...
    2) "Em segundo lugar, a desigualdade gerada pela propriedade do capital está hoje em mínimos históricos"?
    Leia o artigo do IFM mostrando o aumento da desigualdade. Ou isso, resumido:
    www.bbc.com/news/business-35339475
    3) "Até mesmo aqueles estados interventores tidos como bem-sucedidos na redução das desigualdades — os estados nórdicos — não se caracterizam por uma agressiva e progressiva tributação sobre os ricos"?
    Ordene a lista pelas maiores tributações e veja por você mesmo:
    https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_tax_rates
    Enfim, se o Piketty é um "comunista disfarçado" é outro problema, mas dizer que a desigualdade não tem aumentado e achar que está tudo bem é piada!?
  • Menotti  20/11/2016 19:00
    Eis a pergunta que ninguém nunca respondeu: qual exatamente o problema com a desigualdade?

    Eis outra pergunta que ninguém responde: por que se preocupar com a desigualdade e não com a pobreza?

    Diferenças na propriedade de ativos não significa uma igual diferença no padrão de vida, muito embora várias pessoas tenham esse fetiche. Por exemplo, a riqueza de Bill Gates deve ser 100.000 vezes maior do que a minha. Mas será que ele ingere 100.000 vezes mais calorias, proteínas, carboidratos e gordura saturada do que eu? Será que as refeições dele são 100.000 vezes mais saborosas que as minhas? Será que seus filhos são 100.000 vezes mais cultos que os meus? Será que ele pode viajar para a Europa ou para a Ásia 100.000 vezes mais rápido ou mais seguro? Será que ele pode viver 100.000 vezes mais do que eu?

    O capitalismo que gerou essa desigualdade é o mesmo que hoje permite com que boa parte do mundo possa viver com uma qualidade de vida muito melhor que a dos reis de antigamente. Hoje vivemos em condições melhores do que praticamente qualquer pessoa do século XVIII.

    Sempre que ouço uma pessoa parolando sobre desigualdade, faço a mim mesmo a seguinte pergunta: será que ela está genuinamente preocupada com os pobres ou está apenas indignada com os ricos?

    Eis uma maneira de descobrir a diferença: sempre que alguém reclamar sobre a desigualdade de renda, pergunte a ela se aceitaria que os ricos ficassem ainda mais ricos se isso, no entanto, significasse condições de vida melhores para os mais pobres. Se a resposta for "não", então ela está admitindo que está importunada apenas com o que os ricos têm, e não com o que os pobres não têm. Já se a resposta for "sim", então a tal desigualdade de renda é irrelevante.

    Em outras palavras, a preocupação deveria ser com a pobreza absoluta, e não com a pobreza relativa.

    Desigualdade é uma variável relativa, que nada diz sobre as condições absolutas de vida. Um país que tenha uma pequena parcela de milionários e o restante da população passe fome é muito desigual. Já um onde todos passem fome é igualitário. A condição objetiva dos pobres em ambos, contudo, é a mesma.

    Igualmente, se os mais pobres viverem como milionários, e os mais ricos forem uma pequena parcela de trilionários, a desigualdade é grande.

    As duas coisas, pobreza e desigualdade, se confundem facilmente, de modo que muita gente que se preocupa espontaneamente com a pobreza (que se preocupa, por exemplo, com quem não tem acesso a saneamento básico, ou a educação) acaba falando de desigualdade: da diferença entre os mais ricos e os mais pobres. E essa mistura muda nossa maneira de pensar: acabamos pensando que pobreza e desigualdade são a mesma coisa e que, portanto, o melhor remédio contra a pobreza é a redução da desigualdade, o que via de regra significa tirar de quem tem mais e dar para quem tem menos.

    Pelo índice de GINI, os EUA são mais desiguais que o Senegal. O Afeganistão é das nações mais igualitárias do mundo (o Canadá é mais desigual que o Afeganistão).

    O Brasil, mesmo com sua altíssima carga tributária, segue sendo um dos países mais desiguais do mundo, mas não é nem de longe o mais pobre. O pobre brasileiro, por pior que seja sua condição de vida, está melhor que o pobre indiano, apesar de viver numa nação muito mais desigual.

    Pelo mesmo índice, o Canadá é mais desigual que Bangladesh, a Nova Zelândia é mais desigual que o Timor Leste, a Austrália é mais desigual que o Cazaquistão, o Japão é mais desigual que o Nepal e a Etiópia.



    Sobre a tributação dos países nórdicos, ela incide cada vez mais sobre o consumo.

    Sobre o relatório da Oxfam sobre desigualdade, a metodologia é simplesmente ridícula:

    www.mises.org.br/BlogPost.aspx?id=2292
  • Bruno Feliciano  20/11/2016 19:21
    ''Pais ricos não repassam somente a fortuna, repassam o mais importante: o conhecimento de como ser cada vez mais rico. Afinal eles não ficaram ricos por acaso.''

    Não necessariamente, uma parte da minha família mesmo perdeu muito dinheiro graças as herdeiros irresponsáveis...
    Mas ainda bem que tem famílias que tem bons herdeiros, se não já pensou o desemprego que seria? Herda a empresa quebra, ai sim a desigualdade seria enorme...

    ''Leia o artigo do IFM mostrando o aumento da desigualdade. Ou isso, resumido''

    Desigualdade não é o problema, problema é as CONDIÇÕES em que o pobre vive. É miséria!
    O fato de existir gente com pouco e outra com muito, é algo completamente natural da própria natureza.
    Inclusive, essas políticas sociais causam justamente desigualdade, e quando traz a igualdade é nivelada por baixo.
    Entenda: Não se transforma pobre em rico, transformando rico em pobre! Todos serão IGUALMENTE pobres!

    E o Estado é quem causa desigualdade, premiando seus amigos empresários privilegiados, concedendo a eles reservas de mercado via regulamentações e até financiamento a custa dos outros. Tira-se de todos para dar a poucos, isso sim que o estado faz, tira o capital alheio para concentrar em poucos.. E você ai defendendo isso...
    Alias, políticos e funcionários públicos ganham uma fortuna sem produzir 1/3 do que ganham, e quem paga conta é todos aqueles que produzem riqueza no mercado. E você achando que o problema é o mercado...
    O estado e todos os corporativistas que vivem debaixo desse ''guarda-chuva'', são a maioria desses 1% do seu link, inclusive desafio você transferir toda a riqueza desses 1% e passar pra todo o 99%. Lhe garanto que ninguém terá dinheiro nem pra comprar pão na padaria...


    ''Ordene a lista pelas maiores tributações e veja por você mesmo''

    A tributação lá é na renda e não no consumo, é outra questão.

    Aqui vão alguns dados segundo o site "Doing Business", nas economias escandinavas,

    1) você demora no máximo 6 dias para abrir um negócio (contra mais de 130 no Brasil);

    2) as tarifas de importação estão na casa de 1,3%, na média (no Brasil chegam a 60% se a importação for via internet);

    3) o imposto de renda de pessoa jurídica é de 22% (34% no Brasil);

    4) o investimento estrangeiro é liberado (no Brasil, é cheio de restrições);

    5) os direitos de propriedade são absolutos (no Brasil, grupos terroristas invadem fazendas e a justiça os convida para negociar);

    6) e o mercado de trabalho é extremamente desregulamentado. Não apenas pode-se contratar sem burocracias, como também é possível demitir sem qualquer justificativa e sem qualquer custo. Não há uma CLT nos países nórdicos.

    7) Não existe salário mínimo.

    É mole? E você achando que taxar a produção dos ricos é que traz igualdade, ainda usa os escandinavos como exemplo, querendo argumenta que taxam muito o mercado para cobrir a desigualdade.. Da próxima vez pesquise antes de vir aqui, ai quem sabe passa menos vergonha e toma menos tempo nosso. Já estamos cansado desse argumento que sempre refutamos, você acha facilmente aqui no site a refutação dessa balela.
    Veja você mesmo nesse seu próprio link, os escandinavos possuem pouca taxação sob pessoa jurídica comparado ao Brasil.

    Me recuso a repetir o efeito nefasto do imposto na economia, inclusive como prejudica justamente os mais pobres, procure aqui no site sem medo, o máximo que vai acontecer é você aprender alguma coisa.






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