segunda-feira, 5 out 2015
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Os jovens empreendedores que criaram o Airbnb
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Evan
Spiegel (25 anos),
Bobby
Murphy (27),
Julio Mario
Santo Domingo III (30),
Mark Zuckerberg (31),
Dustin Moskovitz
(31),
Elizabeth
Holmes (31),
Scott
Duncan (31),
Nathan
Blecharczyk (32),
Brian
Chesky (34) e
Joe Gebbia
(34).
Com a provável exceção de Mark Zuckerberg, você talvez
nunca tenha ouvido falar dos outros. Quem
são? Os dez
jovens mais ricos do mundo.
O patrimônio médio de cada um deles chega a 3,7 bilhões
de dólares (excluindo-se Zuckerberg, cujo patrimônio chega a 39 bilhões de dólares).
Uma das críticas mais comuns feitas ao capitalismo se
baseia em seu suposto caráter dinástico: os ricos de hoje são os herdeiros dos
ricos de ontem, de modo que as desigualdades de renda vão se consolidando, se
perpetuando e se exacerbando com o passar do tempo.
Não obstante, de toda a lista acima, apenas dois
daqueles dez jovens multimilionários herdaram sua fortuna: o DJ Julio Mario
Santo Domingo III (que recebeu do seu avô, o empresário colombiano Julio Mario
Santo Domingo, o grupo
Bavaria, uma cervejaria) e Scott Duncan (que obteve do seu pai a empresa de
gasodutos e oleodutos Enterprise Products).
Todos os outros oito são bilionários precoces que
enriqueceram e cresceram pelos próprios esforços, pois souberam criar valor
para terceiros.
Evan Spiegel e Bobby Murphy são dois jovens universitários
que criaram o Snapchat,
um aplicativo de smartphone que envia mensagens, fotos e vídeos que se
autodestroem em no máximo 10 segundos (de modo que o conteúdo não fica salvo no
dispositivo alheio), e cujo valor de mercado já chega a 15 bilhões de dólares.
Mark Zuckerberg e Dustin Moskovitz fundaram o
Facebook (cuja história já
é amplamente conhecida), empresa cujo valor de mercado chega a 260 bilhões de
dólares.
Elizabeth Holmes, ainda aos 19 anos, largou a faculdade de
Engenharia em Stanford e usou o dinheiro que gastava na anuidade para fundar sua
startup, a Theranos, um laboratório
dedicado a efetuar análise de sangue extraindo apenas uma gota dos capilares, sem utilizar as tradicionais
agulhas.
A empresa está revolucionando
o setor de diagnóstico com testes mais rápidos — o resultado sai em apenas
algumas horas — e muito mais baratos, acabando com a angústia da espera de
dias para saber se há algo errado com o seu corpo.
Há estimativas de que, se todos os testes forem feitos com o
preço cobrado pela Theranos, a saúde pública dos EUA economizaria cerca de 100
bilhões de dólares na próxima década. O
valor de mercado da Theranos é estimado em 20 bilhões de dólares.
Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia criaram o Airbnb, o qual representa uma nova forma
de hotelaria caseira. Trata-se de um serviço
online comunitário no qual as pessoas anunciam, buscam e reservam acomodações, e
que permite a qualquer indivíduo alugar o todo ou parte de sua própria casa
para qualquer outra pessoa, como uma forma de acomodação extra. O site fornece
uma plataforma de busca e reservas entre a pessoa que oferece a acomodação e o
turista que busca pela locação.
O Airbnb representa uma forte concorrência às
redes de hotelaria no mundo inteiro, e seu valor de mercado é estimado em
20 bilhões de euros.
A atual riqueza de todos estes empreendedores é consequência direta
do bem-estar que eles geraram — e que se espera que continuem gerando — para milhões
de pessoas. No entanto, tal riqueza
jamais está garantida e jamais está a salvo das vicissitudes do mercado: caso
tais pessoas deixem de continuar gerando bem-estar para as pessoas, e caso o
público consumidor repentinamente deixe de atribuir valor a estes serviços oferecidos,
essa riqueza irá se evaporar tão rapidamente quanto o vinho, sem que nenhum
burocrata tenha de confiscá-la.
Um dos erros mais frequentemente encontrados na maioria das
análises ideologizadas da ciência econômica é aquele que pressupõe uma visão
estática da riqueza. Quem pensa que a riqueza é estática cai no erro de
considerar que, quando uma pessoa se torna rica, ela e seus herdeiros serão
ricos — e cada vez mais ricos — para sempre. A prova cabal da falácia desse raciocínio é o
fato de que quase todos os bilionários que apareceram na primeira lista da
Forbes, de 1987, já deixaram
de sê-lo atualmente, e foram substituídos por pessoas novas e
majoritariamente não-herdeiras.
Contrariamente ao que muitos imaginam, não é nada simples
conservar seu patrimônio em uma economia de mercado: este sempre estará ao
sabor (1) das volúveis e inconstantes preferências dos consumidores, (2) do
surgimento de novos concorrentes que podem acabar roubando sua fatia de
mercado, ou (3) de um possível reajuste (e posterior colapso) do preço dos seus
ativos.
Conclusão
Foi Ludwig Von Mises, ainda na década de 1940, quem melhor explicou esse fenômeno:
Em uma economia de mercado, naquela em
que há liberdade de empreendimento, e ausência de privilégios e protecionismos
estatais, a riqueza de um indivíduo representa a recompensa concedida pela
sociedade pelos serviços prestados aos consumidores no passado. E esta
riqueza só pode ser preservada se ela continuar a ser utilizada — isto é,
investida — no interesse dos consumidores.
Atribuir a cada um o seu lugar próprio
na sociedade é tarefa dos consumidores, os quais, ao comprarem ou absterem-se
de comprar, estão determinando a posição social de cada indivíduo. São os
consumidores que determinam a renda de cada membro da economia de mercado.
Se um empreendedor não obedecer
estritamente às ordens do público tal como lhe são transmitidas pela estrutura
de preços do mercado, ele sofrerá prejuízos e irá à falência. Outros
homens que melhor souberam satisfazer os desejos dos consumidores o substituirão.
Os consumidores prestigiam as lojas
nas quais podem comprar o que querem pelo menor preço. Ao comprarem e ao
se absterem de comprar, os consumidores decidem sobre quem permanece no mercado
e quem deve sair; quem deve dirigir as fábricas, as fornecedoras e as
distribuidoras. Enriquecem um homem pobre e empobrecem um homem rico.
Determinam precisamente a quantidade e a qualidade do que deve ser
produzido. São patrões impiedosos, cheios de caprichos e fantasias,
instáveis e imprevisíveis. Para eles, a única coisa que conta é sua
própria satisfação. Não se sensibilizam nem um pouco com méritos passados
ou com interesses estabelecidos.
Desgraçadamente, um número cada vez maior de políticos e
economistas promove o mito de que o capitalismo é um sistema dinástico que
premia apenas os que já nascem em berço de ouro, e fazem isso com o intuito de
explorar o ressentimento social e de justificar sua rapinagem sobre os
geradores de riqueza, inclusive de empreendedores e poupadores médios.
É imperativo que não caiamos nessa armadilha estatista: a melhor
e mais duradoura maneira de reduzir a pobreza não é destruindo a riqueza; não é
confiscando o dinheiro de quem enriqueceu gerando valor para o público
consumidor. A melhor e mais duradoura
maneira de reduzir a pobreza é abolindo todas as barreiras que impedem que as
pessoas tenham a oportunidade de enriquecer por meio do empreendedorismo.
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