Na
semana passada os americanos celebraram o final daquela que a maioria das
pessoas concorda ter sido a década a ser esquecida. O colunista do The New York Times e proeminente economista keynesiano Paul Krugman
classificou-a em uma coluna recente como sendo a década do Grande Zero. Ele escreveu que "nas mensurações de
progresso ou sucesso econômico, havia a ocorrência de vários nadas", o que é
verdade. Entretanto, Krugman continua
desorientadamente culpando o livre mercado e a suposta falta de regulamentações
pelo caos econômico americano.
Foi
encorajador vê-lo admitir que inflar bolhas econômicas é um erro, especialmente
quando consideramos que ele próprio defendeu a criação de uma bolha
imobiliária, no início da década, como meio de aliviar a ressaca provocada pelo
estouro da bolha das empresas de internet.[1] Mas não podemos mais nos dar ao luxo de dar a
economistas proeminentes como Krugman um passe livre quando se sabe que eles
ignoram por completo todo o fardo imposto pela tributação, pela política
monetária e pelas regulamentações excessivas.
Afinal,
Krugman ainda está coçando a cabeça, tentando entender por que "nenhum"
economista previu o colapso do setor imobiliário. Como eles conseguiram não ver isto? É claro que muitos economistas não apenas viram
a tragédia se aproximando quando ela ainda estava muito longe, como também a
compreenderam perfeitamente e a explicaram inúmeras vezes. Os elaboradores de políticas econômicas
teriam agido sabiamente caso tivessem prestado atenção aos alertas dos
economistas austríacos, e devem começar agora mesmo a ouvir seus ensinamentos se
quiserem que haja um progresso sólido no futuro. Caso não procedam desta forma, a necessária
correção por que passa a economia americana irá durar um período de tempo
humanamente insuportável.
Os
economistas seguidores da Escola Austríaca utilizam apenas os princípios do bom
senso. Você não pode sair de uma
recessão por meio da gastança e do endividamento. Você não pode sufocar uma economia com
regulamentações e esperar que ela funcione.
Você não pode tributar as pessoas e as empresas até o ponto da quase
escravidão e esperar que elas continuem produzindo. Você não pode criar do nada uma abundância de
dinheiro sem fazer com que todo esse papel se torne sem valor. O governo não pode compensar o desemprego
crescente apenas contratando todas as pessoas desocupadas e transformando-as em
burocratas ou dando-lhes seguro-desemprego eternamente. Você não pode viver além de suas posses
indefinidamente. A economia - por mais
chato que isso possa parecer - precisa realmente produzir coisas que as outras
pessoas estejam de fato dispostas a comprar.
E o crescimento do governo vai contra tudo isso.
Burocratas
detestam ter de lidar com essa desagradável porém óbvia realidade. É muito mais atraente balançar a varinha
mágica das regulamentações e do gasto público e com isso jogar a culpa em quem
nada tem a ver com a bagunça. Já é hora
de os americanos encararem com honestidade seus problemas.
A
trágica realidade é que essa escola de pensamento econômico desastrosamente
falha, porém amplamente aceita, chamada keynesianismo tornou os EUA um país mais
socialista do que capitalista. Enquanto
que o setor privado nos últimos dez anos vivenciou uma montanha-russa de
expansões e contrações, terminando 2009 nominalmente no mesmo ponto em que
havia começado 2000[2], o governo vem crescendo
regularmente. Isso porque os keynesianos
disseram aos políticos que eles poderiam se dar bem com uma política de
tributação, gastos e inflacionismo. Toda
a tragédia foi estimulada. E será
impossível os EUA sobreviverem por muito tempo se o governo for a única
indústria em expansão.
Quanto
à suposta falta de regulamentação, a última década viu a aprovação e a
promulgação da Lei
Sarbanes-Oxley, o maior ato legislatório de regulamentação financeira em
anos. Essa lei foi incapaz de impedir
abusos como aqueles perpetrados por Bernie Madoff, sendo
hoje amplamente aceito que novas regulamentações contribuíram enormemente não
apenas para a falta de crescimento real, mas também para que muitas empresas
saíssem do país e fossem se instalar em localidades mais amigáveis aos
negócios.
Os
americanos têm trabalhado duramente, e Krugman corretamente afirma que eles não
estão indo a lugar algum. O governo está
se expandindo constantemente e legando aos cidadãos a uma taxa de crescimento menor
do que zero, quando se leva em conta a inflação. Krugmam parece estar bem desapontado com
zero, porém se na próxima década continuarmos ouvindo os keynesianos ao invés
daqueles que nos dizem a verdade, um crescimento zero vai começar a parecer
muito atraente. O resultado final da
destruição da moeda é o aniquilamento da classe média. Impedir que isso aconteça deveria ser a
prioridade econômica máxima dos americanos.
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[1] Clique aqui
para ver uma compilação de frases de Krugman nas quais ele defendia a criação
de uma bolha imobiliária como forma de combater a recessão iniciada pelo
estouro da bolha das empresas pontocom. [N. do T.]
[2] O gráfico a seguir (linha vermelha) mostra que, de 2000 a
2009, a criação líquida de empregos no setor privado foi nula nos EUA. [N. do
T.]
