O governo controlando cada vez mais as atividades
econômicas, os bancos estatais
expandindo
(novamente) o crédito, as
regulamentações
em excesso e em expansão, a carga tributária
extorsiva e
também
em alta, os gastos públicos
em alturas jamais vistas,
as
exportações e
importações despencando, a máquina de
propaganda oficial
crescendo em intensidade e dimensões, a burocracia
cada vez mais forte, o
sigilo bancário dos cidadãos
indo
para o espaço, a
inflação
descontrolada, as expectativas
nada amistosas dos agentes
econômicos, o descrédito externo e muitas outras fontes de preocupação...
Se somarmos a isso a crise política com
pouquíssimos precedentes em toda a história de nosso país, as provas
contundentes de que a corrupção
alcança níveis
jamais vistos, a estulta orientação ideológica do governo na política
externa, na educação, na saúde, na cultura e em praticamente todas as
instituições e a deterioração generalizada dos valores morais, não temos como
não afirmar, sem qualquer receio, sobre o Brasil dos dias atuais: gente, não
tem "perigo" de dar certo!
Os enormes estragos impingidos ao país, os desestímulos à
iniciativa pespegados aos potenciais empreendedores e à ética do trabalho, os
estímulos ao patrimonialismo e ao "capitalismo de compadrio"
e a desesperança que vem sendo empurrada goela abaixo dos cidadãos também nos
permitem inferir que, mesmo na hipótese — hoje totalmente implausível — de
que, a partir de hoje, o país passasse a ser governado por pessoas competentes,
éticas e com as cabeças no lugar, precisaríamos, no mínimo, de uns 15 anos para
arrumar a casa e voltar a sonhar em sermos uma sociedade desenvolvida.
Diante de tudo isso, o economicismo puro —
isto é, a redução de todos os fatos sociais a dimensões econômicas — é uma
atitude mais ingênua do que a de uma criança dos anos 50 que acreditava na
"cegonha" (as crianças de hoje nem sabem o que é uma cegonha).
Não basta ficarmos discutindo "dominância fiscal", ajuste
fiscal, se a taxa de juros deve cair ou subir, se a taxa de câmbio está no
"lugar certo" (que ninguém pode saber qual é), a "doença holandesa" e outros
temas obsessivamente tratados pelos analistas econômicos, tanto os competentes
quanto os ineptos, porque isso é só um dos tentáculos dessa Hydra de Lerna,
esse monstro feroz dotado de forte veneno e de incrível capacidade multiplicativa
chamado PT, com a estatização que defende com garras e dentes e os métodos
condenáveis que utiliza para manter-se no poder.
Quem conhece a história do nosso país sabe que tal ser
mitológico aportou aqui em 1500 quando, no fim de sua carta ao rei Dom Manuel
I, Pero Vaz de Caminha (dizem línguas mais ferinas que teria gritado antes
"Casaca, casaca, Vasco, Vasco, Vasco") pediu ao monarca
que lhe garantisse uma sinecura e lhe perdoasse um genro, mas desde que os
atuais governantes chegaram ao poder, ganhou corpo de atleta "bombado", colocou
os dentes (e o resto de seu corpo) à mostra e desenvolveu muitos outros
tentáculos, todos entrelaçados.
Por isso, só começaremos a solucionar nossos problemas se
eliminarmos o monstro. O estado, como dizia Ronald Reagan, não é a solução: ele
é o problema. E, com essa gente que está no Planalto, ele é um problema muito
maior.
Não é pessimismo, é só realismo; e não é "torcer contra", é
apenas render-se aos fatos. Contudo, não podemos nos entregar passivamente a
essas constatações. Pelo contrário, a missão de cada um de nós é lutar com
todas as forças para começar a revertê-las desde já, sabendo que a tarefa é
difícil e vai exigir muitos anos e muito esforço e que é nosso dever mostrar à
geração mais nova que o caminho para a sociedade que desejamos passa pela
reafirmação dos valores morais, pela contenção do poder político e pela
liberdade econômica.
Como escreveu Igino, hydra lernaean tantan vim veneni
abuit... Temos que encarar essa Hydra de frente, sem medo!