Durante esta semana, tive a oportunidade de me deparar com
um cartaz de conscientização elaborado pelo governo federal sobre a zika e a
dengue. No cartaz (abaixo) lê-se "Um mosquito não é mais forte que um país
inteiro".
Se de fato somos mais fortes que o mosquito, então por que
estamos perdendo essa "batalha"?
A maior evidência de que não somos mais fortes que o
mosquito pode ser constatada quando a ciência econômica nos apresenta uma
comparação entre a atuação do Aedes aegypti e a atual
administração do governo Dilma.
O mosquito individual é claramente um ser mais fraco do que
o ser humano. Estamos no topo da evolução biológica. Somos os melhores.
Desenvolvemos a mais sofisticada capacidade cognitiva entre todas as formas de
vida do planeta. Com o uso da razão, obtivemos a ciência e — tão importante
quanto — o mercado, que, por meio de seu processo de valor, transforma as
descobertas científicas em algo utilizável pelo homem.
Então, se somos tão superiores individualmente, por que
estamos perdendo a luta contra o mosquito?
Para entendermos por que o mosquito possui maior sucesso em
seus objetivos, basta comparar como os mosquitos e nós nos comportamos em
relação ao que almejamos individualmente.
Por questões instintivas, o mosquito busca se reproduzir.
Esse é o seu objetivo. Mas em vez de ele se submeter a uma série de regras
centralizadas, editadas por um mosquito governante, ele dispõe individualmente
de completa e irrestrita liberdade para usar todos os meios (e recursos)
possíveis à sua disposição.
Assim sendo, o mosquito pode se adaptar individualmente para
conquistar seus objetivos. Mosquitos em realidades diferentes podem agir de
forma completamente distinta em suas buscas por um local adequado para
reprodução (água parada).
Mas e se não fosse assim? Reflita, por um momento, o que ocorreria
se cada mosquito tivesse de seguir regulações estabelecidas por terceiros,
eleitos coletivamente, com o intuito de ajudá-lo a alcançar seu objetivo
individual.
Para auxiliar nesse processo imaginativo, considere a
história abaixo.
O mosquito em um
ambiente regulamentado
Durante uma reunião em uma glamorosa árvore, o Ministro da
Fazenda de Mosquitos, Aedo Mantega, pediu aos honrados conterrâneos que
aprovassem uma lei para o bem de todos os mosquitos: não seria mais permitido a
nenhum deles depositar seus ovos em ambientes de água cristalina, pois haveria
o risco de que o inimigo (o ser humano) recorrentemente fizesse a limpeza do líquido, evidenciado pela sua cristalinidade.
Assim, tornava-se imprescindível impedir que os mosquitos
adotassem tal prática, para a proteção dos próprios e em nome da segurança
nacional.
Depois de ler os textos e escritos de importantes
historiadores como Kaedes Marx e Johnes Maynardes Keynes, o Ministro Mantega
conclui que a lei não funcionaria na ausência de uma forte fiscalização. E a
melhor forma de fiscalizar seria permitir que os ovos fossem depositados somente após cada mosquito obter uma
autorização e uma licença da Agência Nacional de Reprodução Segura
(ANRS).
Como consequência, em vez de depositarem seus ovos no
primeiro e mais acessível ambiente de água parada que encontrassem, os
mosquitos foram forçados a elaborar e apresentar uma série de documentações,
registros de identidade e habilitação reprodutiva (entre outros papeis) com o intuito
de obter as devidas autorizações requeridas por lei.
Infelizmente, em decorrência das fortes variações de
temperatura que a região governada pelo Aedo Mantega vivenciou, uma frente fria
se aproximou rapidamente e aniquilou vários mosquitos antes que eles tivessem a
oportunidade de obter suas licenças. Vale lembrar que a Agência Nacional de
Meteorologia para um Voo Seguro (ANMVS) poderia ter previsto o acontecido, mas
infelizmente todos os seus servidores públicos estavam em greve.
Outros mosquitos simplesmente não aguentaram esperar pela
emissão da licença, e tiveram que "se aliviar" frente a uma enorme dor física,
depositando seus ovos em locais considerados ilegais, razão pela qual foram
multados e punidos pelo judiciário da nação. "Egoístas!", gritou o
candidato do Partido da Saúde nas Operações pró-Larvas (PSOL).
Em uma declaração ao principal jornal do país, o presidente
do referido partido disse que a lei era ineficaz, permitindo que os mosquitos
de elite não seguissem o que havia sido escolhido para o bem comum, e que a
solução era o aumento das sanções contra os que se recusavam a cumpri-la, ainda
que fosse a única forma dos mosquitos estancarem a dor física de não
depositarem seus ovos de pronto.
O que temos a aprender?
O mosquito está ganhando de nós na conquista de seus
objetivos porque, ao contrário de nossos governantes, ele age baseado em
descentralização e liberdade, dando ao indivíduo (ou ao mosquito, nesse caso) a
possibilidade de se adaptar ao ambiente, inovar e empreender para alcançar seus
objetivos.
Mas, acima de tudo, o mosquito está ganhando porque, quando
um deles se reproduz, todos se beneficiam, no objetivo de perpetuar a espécie.
Existe um termo econômico para isso: "externalidade positiva". Quando um
indivíduo humano entra em uma relação econômica com outro, na qual ambos se
beneficiam em relação ao momento anterior, eles geram e produzem riqueza: e
isso acaba por beneficiar a todos nós.
É por isso que, quando o governo impõe qualquer regulação,
independentemente da intenção, ele restringe necessariamente a quantidade de
possibilidades que indivíduos têm a sua disposição para agir. Isso é uma
simples conclusão matemática de análise combinatória: quanto menor a
possibilidade de fatores, menor a quantidade de resultados possíveis.
Quanto menor a quantidade de possibilidades, menores são as
chances de que dois indivíduos consigam selar uma transação em que ambos se
beneficiem. A existência de qualquer limitação reguladora já diminui substancialmente
a chance de qualquer cidadão selar um negócio que beneficie ambas as partes
envolvidas, e em consequência gere uma externalidade positiva para todos.
Se o governo Dilma realmente entendesse mais de economia que
o mosquito Aedes aegypti, ela teria simplificado a legislação
tributária em vez de aumentar impostos; teria desregulamentado
(descentralizando) a economia em vez de injetar crédito artificial para setores
politicamente escolhidos; e teria permitido que o trabalhador definisse por si
próprio se o seu contrato de trabalho é bom ou ruim para ele: se ele estaria
melhor, ou pior, com a oferta que o empregador lhe é capaz de oferecer neste
momento de crise.
Quando as decisões são centralizadas, aqueles que estão à
margem do poder (maioria) necessariamente falharão em conquistar seus objetivos
pessoais. Mas isso vai além dos prejudicados: em uma sociedade, quando dois
indivíduos deixam de produzir riquezas, todos nós perdemos. Algo que Adam Smith
já sabia há mais de três séculos.